Olá a todos, bem dispostos desse lado?
Estamos no último mês do ano e, devo confessar, no meu preferido! Um mês caracterizado pelo convívio, pelas reuniões familiares e de amigos e por comida maravilhosa tão típica desta altura do ano.
Sabemos que o convívio e os infinitos jantares de Natal, este ano, não serão como nos anteriores (se é que existirão de todo). No entanto, não me pretendo alongar neste aspeto. Pretendo, sim, focar-me na componente alimentar característica desta quadra.
Todos sabemos que este mês é um mês riquíssimo em termos alimentares, concordam? Com «riquíssimo» quero dizer que temos presente neste mês muitos pratos e muitos doces (principalmente) que, de uma forma geral, não estão presentes no resto do ano. Temos, por exemplo, pão de ló (o tradicional e o de Ovar, não esquecer), aletria, leite creme, rabanadas, pudim, bolo rei (bolo rainha, derivados…) e a lista continua. Tudo bom não é? E é também comum, nesta altura do ano, ouvirmos várias preocupações acerca do valor calórico destes doces. Ou seja, podemos dizer que embora gostemos da comida desta quadra muitas vezes este gostar vem seguido por: «mas sabes quantas calorias tem?». E eis que acontece toda uma conversa acerca do enorme valor calórico que têm estes pratos, quantos km precisaríamos de correr para «desgastar» essas calorias, que versões mais «fit» e «saudáveis» existem…?
Devo dizer-vos que esta conversa me chateia um bocado. Nem sempre foi assim, claro, já houve alturas em que calculei e publiquei nas redes sociais informação acerca das calorias do pudim, rabanadas (…) e havia qualquer coisa que, para mim, não estava bem. Pergunto-vos: Quantas vezes existe Natal no ano? Quantas ceias de Natal fazem por mês? Por semana? Quantas vezes comem o pudim da tia Anita? Ou as rabanadas da avó Amélia? Quantas vezes podem sentar-se à mesa com aqueles de quem gostam e comer, sem pressas (o Pai Natal espera sempre!), apreciando o momento de partilha (de comida e de histórias, de momentos). Foram estas questões que me permitiram chegar a conclusões muito importantes. Passo a partilhar convosco:
- O Natal existe uma vez por ano e não é, por definição, o momento no qual contamos as calorias dos pudins em família. É o momento em que comemos o pudim;
- Momentos de partilha de refeições são muito importantes. A comida faz parte desta quadra mas esta quadra não gira à volta da comida – gira, sim, à volta daqueles com os quais a partilhamos;
- Estes dias festivos (24, 25 e 31,1) são dias aos quais chamo, normalmente, «dias de festa». São claramente distintos do dia a dia, no que respeita à alimentação. Um estilo de vida saudável passa, também, por conseguir entender esta distinção (ver post anterior);
- Versões «fit» e «saudáveis» destes doces é uma coisa que me chateia mesmo. Se o Natal é apenas uma vez por ano, porque é que eu havia de querer fazer uma receita «fit» do que quer que seja? O facto de eu consumir esse alimento em «dias de festa» e não todos os dias já é, por si só, saudável – ver o post anterior também. E algumas versões que circulam por aí de saudáveis (ou equilibradas se assim quiserem chamar) não têm nada;
- Festejar no Natal e no Ano Novo, comendo mais, não significa comer até não podermos mais. E também não significa comermos demais o mês todo. E também não significa, independentemente do que comermos, fazer detox nos dias seguintes. Os dias que se seguem são «dias normais»;
- Esqueçam as dietas que começam no Natal e no Ano Novo. E esqueçam «em janeiro é que vai ser». Pode ser agora. Podemos começar com pouco, mas muito no momento atual. E aproveitar as festas em família (tanto quanto possível).
Espero que este texto tenha como efeito fazer-nos questionar muita da informação que circula nesta altura do ano, e que na minha opinião acaba por retirar um pouco da magia da mesma. A mensagem continua a ser a de sempre: tudo com moderação. Comer o que gostamos, com quem gostamos, com consciência, aproveitando verdadeiramente o momento e a comida.
«Nutricionista Andreia Lopes, 3742N»