Nutrição no desporto

Olá a todos, bem dispostos desse lado?

Por aqui temos falado de alimentação saudável, peso, rótulos, entre outros temas que me pareceram importantes de forma a dar contexto a tudo o que possa vir a ser escrito posteriormente.

Continuo a sentir que temos tendência para sobrevalorizar certos pormenores em relação ao que é o «padrão», e por isso todos os meus textos anteriores vão um bocadinho nesse sentido.No entanto, hoje queria trazer-vos algumas ideias mais relacionadas com nutrição no desporto, e em específico para o futebol.

Em primeiro lugar, quando praticamos desporto precisamos de energia, correto? Isto é algo que me parece aceite e claro para todos. Se os músculos não conseguirem obter a energia necessária, então o exercício não pode ser mantido e por isso temos de o interromper. Tanto em exercício físico intenso como no de longa duração, a fadiga vai ocorrer se o fornecimento de energia não iguala o requerido. Todas as células do nosso corpo requerem um input de energia constante para manter a homeostasia («equilíbrio»). Esta energia, em última análise, é obtida a partir dos alimentos que comemos. Esta energia torna-se, então, disponível pela oxidação de gordura, hidratos de carbono, proteína e álcool presente nos alimentos que ingerimos. [Mais uma vez, porquê tanta culpa de comer quando não conseguiríamos viver sem comida?].

Para desportos de endurance e de alta intensidade, os hidratos de carbono são um combustível mais eficaz do que a gordura, no que respeita à produção de energia. Como se costuma dizer em nutrição, «não há alta intensidade sem hidratos de carbono». Por isso é importante garantir um aporte alimentar adequado deste (e dos restantes) nutrientes, num período de tempo também adequado, de forma a maximizar a performance. Uma das estratégias que pode ser utilizada, por exemplo no caso do futebol, é fazer uma «carga de hidratos de carbono» no dia anterior ao jogo, de forma a aumentar as reservas musculares de glicogénio.

Também na refeição prévia ao jogo existem referências relativamente à ingestão deste macronutriente e do intervalo de tempo adequado.Em adição, no intervalo do jogo, é importante consumir alimentos ricos em hidratos de carbono, numa quantidade adequada, mas com baixo teor de gordura e fibra, de forma a evitar desconforto gastrointestinal (exemplos: banana, cubos de marmelada etc)Realço, no entanto, a importância de não se «testar» estratégias alimentares no dia de jogo.

Todas as possibilidades em termos de adequação da alimentação de um atleta em dia de provas devem ser testadas previamente. Cada indivíduo tem particularidades únicas, que podem fazer com que uma dada teoria, no seu caso, tenha um efeito que o prejudica mais do que beneficia. Também a situação individual de cada jogador deve ser tida em consideração (lembro, neste aspeto, por exemplo, doentes celíacos que não podem consumir glúten devem optar por fontes de hidratos de carbono sem glúten, de forma a não terem uma sintomatologia gastrointestinal que prejudicaria a sua performance).

Sendo, muitas vezes, os hidratos de carbono os vilões, espero que os atletas desse lado os vejam hoje em dia como melhores amigos, porque sem eles não obteremos a performance desportiva que gostaríamos.

Referências:Louise M. Burke , John A. Hawley , Stephen H. S. Wong & Asker E. Jeukendrup (2011) Carbohydrates for training and competition, Journal of Sports Sciences, 29:sup1, S17-S27, DOI:

10.1080/02640414.2011.585473

 

Nutricionista Andreia Lopes, 3742N