Olá a todos,
Hoje venho falar-vos um pouco sobre dietas vegetariana para atletas.
Hoje em dia sabemos que uma dieta vegetariana, desde que bem planeada, é capaz de satisfazer as necessidades energéticas e nutricionais de qualquer ser humano,em qualquer fase do ciclo de vida, assim como de atletas.
Atualmente, sabemos que as dietas vegetarianas, mesmo as vegetarianas estritas, atingem ou ultrapassam as recomendações proteicas, quando a ingestão calórica é adequada.1
As recomendações de necessidades proteicas para atletas encontram-se entre 1,4 a 2,0 g/Kg/dia) 2
Não temos, de momento, evidência científica suficiente para recomendar quantidades diferentes das supracitadas para atletas vegetarianos, mas alguns autores consideram prudente que atletas que fazem uma alimentação vegetariana estrita “orientem” a ingestão
proteica para o limite superior das recomendações (~2,0 g/Kg/dia ou até 2,7 g/Kg/dia, durante períodos de maior restrição energética), para compensar o menor valor biológico
das proteínas de origem vegetal.3
Sabemos, também, que as proteínas de origem vegetal, em relação às de origem animal, contêm menor conteúdo de aminoácidos essenciais (particularmente de leucina) e menor digestibilidade. Estes são dois parâmetros que determinam a «qualidade de uma proteína» referindo-se à sua capacidade para estimular a síntese proteica muscular2. Verificamos assim, neste ponto, uma diferença entre estas duas fontes de proteína (animal e vegetal), que poderá ser menos relevante se a ingestão proteica diária for suficiente e capaz de fornecer a quantidade de aminoácidos essenciais (particularmente de leucina). Numa dieta vegetariana conseguimos resolver estas questões através do aumento da quantidade de alimento ingerida ou combinando diferentes alimentos4,5. Também a fortificação com aminoácidos, como a leucina, pode ser uma estratégia, visto que a quantidade de leucina é o fator decisivo para maximizar a síntese proteica muscular5.
Queria, no entanto, salientar que, apesar de uma dieta vegetariana poder ser adequada (desde que bem planeada) para atletas, a adoção da mesma, em relação à adoção de uma dieta omnívora, não parece ser benéfica nem trazer prejuízo no que respeita à performance do atleta6,7.
Ou seja, se virem por aí documentários ou textos a falar dos mil e um benefícios que uma dieta vegetariana pode trazer, em termos de performance – tenham algum espírito crítico e aconselhem-se com profissionais qualificados (os nutricionistas).
Bibliografia:
1 Melina V, Craig W, Levin S. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Vegetarian
Diets. J Acad Nutr Diet. 2016; 116(12):1970-80.
2 Jager R, Kerksick CM, Campbell BI, et al. International Society of Sports Nutrition Position Stand: protein and exercise. J Int Soc Sports Nutr. 2017; 14:20.
3 Rogerson D. Vegan diets: practical advice for athletes and exercisers. J Int Soc Sports Nutr.2017; 14:36.
4 Gorissen SHM, Witard OC. Characterising the muscle anabolic potential of dairy, meat and plant-based protein sources in older adults. Proc Nutr Soc. 2018; 77(1):20-31.
5 Monteiro I., Trigueiro H., Gonçalves M. Particularidades da abordagem nutricional no atleta vegetariano. Acta Portuguesa de Nutrição 20 (2020) 32-37
Nutricionista Andreia Lopes, 3742N
6 Craddock JC, Probst Y C, Peoples G E. Vegetarian and Omnivorous Nutrition – Comparing Physical Performance. Int J Sport Nutr and Exerc Metab. 2016, 26, 212-220
7 Goios A., Pereira R., Monteiro A. I., Gonçalves M., Espregueira-Mendes J. (2020). O Atleta Vegetariano: Considerações Nutricionais Revista Med Desp Informa, 11(2):28-30.
Nutricionista Andreia Lopes, 3742N